É preciso aumentar a representatividade negra na política, defendem debatedores em audiência pública no Senado

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Geraldo Magela/Agência Senado

Levantamento da Agência Brasil do TSE mostra que mesmo sendo a maior população do Brasil, representatividade na política ainda é pouca

Na quinta-feira (05/04) aconteceu a audiência pública para debater o protagonismo negro nas esferas de Poder na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado. Foi unânime a constatação de que falta representatividade negra na política brasileira.

Para o autor do requerimento da reunião, senador Paulo Paim (PT-RS), há predominância de brancos na política brasileira e isso reflete de forma negativa nas ações afirmativas em prol do protagonismo negro. “Queremos saber como será a participação da comunidade negra no fundo partidário. A pobreza tem cor. O negro, geralmente, não tem estrutura financeira para se candidatar e se eleger” argumentou o senador.

O presidente do Núcleo de Pesquisas Clóvis Moura da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Tadeu Kaçula, citou dados para demonstrar a pouca representatividade negra nas esferas do poder no país.

“Dos 513 deputados federais, 24 são negros. Dos 81 senadores, três são negros. Dos 5.570 prefeitos, 1.604 são negros. Dos 57.838 vereadores, 24.282, são negros. Dos governadores dos estados e do DF, nenhum é negro. Dos ministros do STF, nenhum é negro. Não dá mais para deixar de discutir e participar, sobretudo diante do cenário político em que vivemos”  afirmou Kaçula.

Na fala de Keka Bagno, representante do PSOL-DF, ela mostra que é “constrangedor ter apenas pessoas negras para falar de pautas negras”. É preciso envolver toda a sociedade. As pautas negras são resgate social. Por massacre contra a população negra que esta é a minoria política hoje e brancos também precisam ter essa consciência.

Para os debatedores, é ainda mais importante discutir políticas públicas voltadas para a comunidade negra em ano de eleição. O ativista em direitos humanos da Educafro, Cesar Augusto dos Santos, afirmou que é preciso mostrar que a população negra corresponde a 54% dos brasileiros. “Se quisermos ser incluídos na sociedade brasileira, precisamos estar à frente de um projeto nacional para falar de sustentabilidade, reforma tributária e relações internacionais” opinou Cesar Augusto.

A procuradora do Trabalho Valdirene Silva de Assis coordena a Coordigualdade, uma  coordenação do Ministério Público do Trabalho responsável pela promoção da igualdade de oportunidades e pelo combate a toda forma de discriminação. Ela considera essa temática importante para toda a população e não só para os que são negros. “O feminicídio contra a mulher negra aumentou 64%, enquanto contra a mulher branca diminuiu 10%. Os negros não têm representatividade nos postos de comando no mercado de trabalho e as mulheres negras sofrem mais assédio moral do que as brancas” comparou a procuradora.

Como forma de reverter esse cenário, Valdirene de Assis recomenda que o Brasil seja atuante na política de ações afirmativas, assim como os Estados Unidos têm feito nas últimas décadas. “Lá, as pessoas estão no mercado de trabalho, nas universidades, nos órgãos de imprensa e em programas de consciência social. Essas ações foram essenciais na construção da classe média negra americana e levaram um maior número de negros para universidades” informou Valdirene Silva.

E para que políticas públicas afirmativas sejam pauta no Congresso, é preciso ocupar espaços de poder. Por isso, precisamos trabalhar para aumentar o protagonismo negro nesses espaços. Para que um dia tenhamos igualdade. E debates como estes não sejam mais necessários.

Assista o debate na íntegra: http://bit.ly/DebateProtagonismoNegro

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