Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, armou uma conspiração com o objetivo de libertar escravizados e matar brancos e mulatos considerados traidores. A rebelião havia sido marcada para o dia 25 daquele mês. No entanto, houve uma traição e as autoridades baianas ficaram sabendo da programação do evento.
No confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado dos negros. Duzentos escravos foram levados aos tribunais. Suas condenações variaram entre a pena de morte, os trabalhos forçados, o degredo e os açoites, mas todos foram barbaramente torturados, alguns até a morte. Mais de quinhentos africanos foram expulsos do Brasil e levados de volta à África formando comunidades que estão em situação de miséria até os dias atuais em países da África, sobretudo na Nigéria.
Essa insurreição foi chamada de Revolta dos Malês. Malê era o nome designado aos negros mulçumanos em Salvador (BA). A cidade tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs.
Apesar de massacrada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime escravocrata, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo pessoal de D. Pedro II.
A Revolta dos Malês é uma demonstração de que os negros escravizados resistiam à situação de escravidão e possuem história que pode passar de um parágrafo, como é contada a história da Revolta dos Malês nos livros didáticos brasileiros.