Dia da mulher negra latino americana e caribenha: história de luta

Da luta contra a escravidão aos tempos atuais, as mulheres negras são a tradução de resistência.

No Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, essa história precisa ser lembrada. É um dia para enaltecer a mulher negra, mas também um dia para lembrar da sua trajetória de luta e resistência. As mulheres negras não estiveram em papel passivo aceitando tudo. Pelo contrário. Sempre foram ativas numa luta dupla de gênero e raça que somavam e somam a perseguição e discriminação.

A história da organização das mulheres negras em defesa de seus interesses começa no século XIX, com a criação de associações e irmandades, e durante o século XX com a criação de organizações a partir de 1950, o ano em que é fundado o Conselho Nacional de Mulheres Negras no Rio de Janeiro.

O feminismo negro no Brasil, enquanto movimento social organizado, teve início na década de 1970 com o Movimento de Mulheres Negras (MMN), a partir da percepção de que faltava uma abordagem conjunta das pautas de gênero e raça pelos movimentos sociais da época.

As décadas de 80 e 90 foram marcadas pelo trabalho de pensadoras como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, que durante a redemocratização do país, contribuíram para a consolidação das pautas das mulheres negras por meio de suas atuações acadêmicas e políticas.

Nos tempos atuais, a internet fez surgir diferentes movimentos de mulheres negras por todo o país. A 1ª Marcha das Mulheres Negras, que em 2015 levou milhares à Brasília reivindicando seus direitos, foi um marco dessa mobilização das ruas e das redes. O ativismo transposto também para o meio digital possibilitou a maior disseminação de informação e rostos negros estampados buscando seu lugar.

Mas ainda é preciso lutar?

Sim! a discriminação de gênero e raça ainda não acabou e mulheres negras seguem sendo preteridas nas diversas esferas sociais. Apesar das conquistas ainda há muito por fazer. E o dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha reforça a luta histórica das mulheres negras por sobrevivência em uma sociedade estruturalmente racista e machista.

Para se ter uma ideia, mais da metade da população brasileira é negra, segundo dados do IBGE. Contudo, essa população, em especial as mulheres negras, protagonizam os piores indicadores sociais.

De acordo com o Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no país naquele ano eram negras. Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, de acordo com a última Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE.

No entanto, uma vez garantida a vida e superada a miséria, os desafios continuam. Apesar de, pela primeira vez, os negros serem maioria nas universidades públicas, como aponta a pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil do IBGE, mulheres negras ainda recebem menos da metade do salário de homens e mulheres brancas no Brasil, independente da escolaridade.

E a situação se agrava quando não há políticas públicas afirmativas para sanar esse problema social estrutural. Porque assim não há mudanças e a estrutura racista e machista permanece e se perpetua sendo ainda mais difícil mudar o cenário.

Nesse dia precisamos lembrar que para além das políticas de raça e políticas de gênero, precisamos de políticas que combinem raça e gênero para mudar a situação social da mulher negra brasileira.

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