No domingo (19/09) aconteceu o último dia do Seminário Candango de Culturas Populares. O fechamento do seminário ocorreu no Ilè Asè Oyà Bagan e teve como tema “Culturas Tradicionais de Matrizes Africanas/Populares e o feminino”.
A tarde de seminário foi marcada por falas de resistência cultural com pedidos de políticas públicas que visem o respeito às religiões de matrizes africanas e às culturas populares de forma que possam moverem-se sem medo de sofrer retaliação e violência. “Estamos há anos buscando políticas públicas que nos defendam para que possamos professar nossa fé e exercer os movimentos populares sem medo de sofrer violência”, disse Camila Portela, Ekedi do Ilè Asè Oyà Bagan.
Rota cultural nos terreiros
Brasília, reúne atrativos turísticos de diversos segmentos associados ao Turismo Arquitetônico, Cívico, Cultural, Religioso, Náutico, Rural, Ecoturismo e de Aventura. No entanto, o turismo religioso do DF não contempla as matrizes africanas. Essa é uma das grandes reivindicações dos povos de terreiros, para que possam propagar a cultura de matriz africana levando conhecimento e informação e, assim, colaborar para a eliminação do racismo religioso. “Matriz africana também é cultura. Porque não criar uma rota cultural nos terreiros? Temos turistas de matriz africana também”, afirmou mãe Baiana, Yalorixá do Ilè Asè Oyà Bagan.
Racismo religioso
Após mais um ato de violência na Praça dos Orixás, o racismo religioso deu o tom do seminário desse domingo. “Eu não vou na porta das igrejas jogar sal grosso, porque vêm no meu terreiro quebrar? Eu não brigo pela batina do padre, pelo paletó do pastor, porque minha roupa ofende? Poe isso estamos aqui na luta por respeito à nossa religião, à nossa cultura, ao nosso povo”, considerou mãe Baiana.

Para a compositora Martinha do Coco, é importante investir em educação para lutar contra essa violência sofrida pelo povo de terreiro. “Quando falamos dessa violência contra a religiosidade de matriz africana, as culturas populares, vemos que o que tá faltando é a educação. A educação básica, desde as crianças. Porque as escolas não abrem as portas pra mãe Baiana fazer uma oficina? Falar das matrizes africanas?”, indagou Martinha do Coco.
Após todas as considerações sobre sobre o racismo religioso e o desrespeito ao povo de terreiro e culturas populares, a Subsecretária de Diversidade da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, Sol Montes, corroborou com esse sentimento de buscar políticas públicas que fomentem o respeito e afirmou que a rota cultural dos terreiros será colocada em prática. “Nós podemos sim ter a rota cultural dos terreiros. Isso tá na minha mão e eu vou fazer”, afirmou.

O Seminário Candango de Culturas Populares buscou fomentar grupos culturais e atores políticos para formulação de políticas públicas. O evento foi uma organização do Instituto Rosa dos Ventos.