Ervas. O uso das ervas é muito comum nas religiões de matrizes africanas e ameríndias. A sociedade brasileira carrega muito disso em sua tradição e não se lembra (ou não quer se lembrar) que isso é herança africana.
Quem nunca tomou um chá para curar uma gripe?
A tradição religiosa afro-brasileira agrega importantes contribuições para a sociedade brasileira, principalmente no que tange ao uso e preservação das matas, se opondo à filosofia da dominação tão disseminada pela sociedade ocidental, onde a função do homem é subjugar toda a natureza, apenas servindo-se dela. A africaneidade pelo contrário a conserva por considerar elemento fundamental para sobrevivência e ambientes sagrados onde pairam as energias dos Orixás.
Conhecer as folhas faz parte do fundamento religioso das nações do candomblé, da umbanda, do catimbó, do batuque…
A vida das religiões afro-brasileiras é a própria vida da natureza. Os Orixás, Inquices, Vodúns, Caboclos estão ligados a um elemento natural e se expressam por meio deles. Para os afro-religiosos, o ser humano é parte integrante de um todo complexo natural, assim como são as pedras, as matas, as águas e outros elementos, porque não há distinção entre o que é humano e o que é a natureza. Por isso, o respeito à natureza é tal qual ao ser humano. Se podemos dizer que há um ambiente de total conservação da natureza e sustentabilidade, esse ambiente são os terreiros.
Em toda a relação com as plantas há o respeito e a reverência. Desde a colheita, onde se pede licença para extrair uma planta, prefere-se buscá-las pela manhã, quando ainda estão orvalhadas, evitando as ervas que ficam próximas a estradas, a não ser as folhas de Exu, que só podem ser usadas aquelas da rua, da estrada. A maceração para o banho ou preparo do chá são feitas com o cantar dos pontos à energia que se quer firmar, tudo feito com carinho e respeito.
Então saiba: não é só um banho de ervas. É a conexão com a natureza. Com a história ancestral do povo africano. Com a cultura.
Respeite.