Como é o radicalismo na defesa das minorias políticas?

radicalismo

Nesse texto vamos fugir um pouco da pauta negra para falar de algo que ouvi algumas vezes esta semana.

Radicalismo.

Os defensores de bandeiras como feminismo, movimento negro, liberdade religiosa e defesa das minorias em geral são radicais? Isso é ruim? É bom?

Primeiro vamos entender o que é radicalismo para saber se nos encaixamos nessa filosofia.

Sim, filosofia. Porque o radicalismo é uma filosofia que utiliza métodos extremos para gerar as transformações pretendidas por seus promotores.

A origem do Radicalismo está em um dos mais importantes eventos da história mundial, a Revolução Francesa. Como estudamos lá na escola e aprofundamos na faculdade (àqueles que foram para as áreas sociais ou humanas), essa revolução rompeu com o chamado Antigo Regime e seus rígidos estamentos sociais e com os privilégios da nobreza e do clero na sociedade. A concepção de sociedade que a Revolução Francesa introduziu marca nossa vida até hoje e, por isso, o evento é considerado o divisor de águas na história ocidental, marcando o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

No campo político, especialmente, o Radicalismo é visto como uma variante do Liberalismo com práticas mais extremas e mais associadas aos movimentos de esquerda.  Ainda em meio a Revolução Francesa, o Radicalismo chegou à Inglaterra e orientou o Partido Whig, que seguia a ideia de que o valor das ações é medido pelo bem que causam ao maior número de pessoas. No decorrer do século XIX, Itália e Espanha também passaram a contar com seus partidos radicais defendendo políticas democráticas e revolucionárias.

O Brasil também conta com radicais políticos em sua história. Em nosso país, os radicais eram os republicanos, defensores de transformações na situação vigente no século XIX, ou seja, fim da monarquia e dos privilégios da Igreja Católica, por exemplo. Outros radicais lutaram pelo fim da escravidão.

Em geral, o Radicalismo é uma oposição ao Conservadorismo, mais habituado à manutenção dos padrões sociais. A luta social proposta por radicais é vista por grupos políticos divergentes como desestabilizadora da ordem constitucional, embora os radicais não sejam contra a existência de uma organização constitucional da sociedade. Originalmente dotado de práticas extremas, o Radicalismo tornou-se, em geral, mais brando em suas ações, porém continua buscando reformulações absolutas dos respectivos contextos em que estão inseridos.

É importante entender que radicalismo e extremismo são conceitos diferentes. O Radicalismo é uma filosofia de ruptura que pode ser branda e positiva, pois visa um bem comum; o extremismo sim tem conotação negativa, uma vez que são pensamentos extremos unilaterais que incitam posições intolerantes de forma a gerar violência.

Com efeito, defender minorias políticas é sim radicalismo, pois propõe ruptura ao sistema discriminatório vigente. No entanto, nessa perspectiva filosófica e política e saindo do senso comum, ser radical não é negativo. Pelo contrário, esse grupo de radicais que defendem as minorias políticas buscam romper com amarras discriminatórias da sociedade, bem como, criar medidas que resgatem a história desse povo que outrora fora massacrado. Essas medidas chamam-se políticas afirmativas.

Se não fossem os grupos radicais, os negros ainda seriam escravos, as mulheres não teriam conquistado direitos e os atos discriminatórios ainda não seriam crimes. Dessa forma, o Radicalismo obteve conquistas sociais pelo globo.

Respondendo a pergunta do início do texto: quem defende bandeiras das minorias (negra, feminista, liberdade religiosa, etc)  segue sim a filosofia do radicalismo. Isso é bom ou ruim? Depende do ponto de vista. Se você não é adepto de políticas afirmativas e lutas sociais então não é bom, mas se você acredita que deve haver políticas afirmativas e lutas sociais, aí ser radical é filosófica e socialmente bom.

Fontes:

CLASSE SOCIAL TEM IMPORTÂNCIA NO ESTUDO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS?

Uma teoria do radicalismo da classe média: Klaus Eder

Los radicales. Historia política del radicalismo del siglo XIX: Lázaro Mejía Arango

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